Colônia Z-3

Expectativa para safra do camarão é baixa

Com as chuvas do mês de janeiro, o período de pesca ficou ameaçado

Paulo Rossi -

A Lagoa dos Patos não está para camarão. O próximo dia 1º é data de início do período autorizado para a pesca, mas os pescadores da Colônia Z-3 adiantam que a previsão não é boa para a safra 2019. Com as chuvas do mês e o acúmulo de água na Lagoa, o crustáceo ainda não conseguiu se desenvolver a ponto de estar pronto para a captura.

A expectativa dos pescadores era alta em dezembro, mês que significou bons ventos para a temporada. João Francisco Bitencourt, pescador há 45 anos, comprou uma lancha de R$ 11 mil para a atividade e preparou as redes de pesca. As mudanças climáticas de janeiro vieram como um banho de água fria ao morador da Z-3. “Nem sei como vou fazer pra pagar”, admite.

Entre os pescadores é consenso que, caso tenha, a safra do camarão será fraca. A situação era de prosperidade até a primeira semana do mês, quando as mudanças climáticas da região deixaram a comercialização e a pesca do crustáceo em risco. Foram registrados 345 milímetros de chuva nas primeiras semanas do mês, três vezes o esperado para o período. Só na sexta-feira da última semana, dia 18, a Barragem Santa Bárbara registrou 115 milímetros.

As mudanças na Lagoa são notáveis pelos pescadores, tanto em relação ao volume como no aumento da água doce. O camarão precisa de água salgada para se desenvolver, aproveitando o mês de janeiro para o crescimento das larvas. Com as chuvas, a continuidade do processo que leva ao surgimento do crustáceo no período de pesca ficou ameaçada. É o que afirma Nilmar da Conceição, presidente do Sindicato dos Pescadores da Z-3.

Danilo Rodrigues, também pescador, assegura que o nível da água está 50 centímetros a mais do que o comum. Ele também acredita que a safra deste ano foi perdida. “Mesmo que dê, vai ser pouca”, salienta. Assim como João Francisco, ele se preparou e costurou as redes para a captura do camarão, compras que geram altas despesas aos pescadores, já que não conseguirão utilizar o material na quantidade de vezes e tempo planejado.

Dívidas

Casos como esses são comuns. As dívidas contraídas com os atravessadores - responsáveis pela negociação entre os pescadores e os comerciantes - são altas e acumulam as despesas desde o período de cinco anos que não houve safra. “A dívida vai até salgar a água”, brinca Bitencourt, no meio da incerteza. O pescador conta que a última safra, responsável por acumular cerca de 1,5 tonelada do crustáceo, não gerou muito lucro e ajudou, na maior parte, com o pagamento das dívidas.

Situação em Rio Grande

Na Colônia de Pescadores Z-1, em Rio Grande, o quadro é semelhante. A expectativa para uma safra é baixa. Nilton Machado, presidente da Colônia, recorda que em dezembro a situação era diferente no local, assim como na Z-3. A salinidade da água, as chuvas abaixo da média e a aparição de pequenos grupos do crustáceo elevaram as expectativas dos pescadores. Contudo, a previsão é que, apesar das perdas, um tipo miúdo de camarão consiga ser capturado na região. Fator esse que pode acarretar problemas futuros, pois o volume pescado é mais baixo e “a quantidade do camarão acaba sendo sempre menor”, aponta Machado. 

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